Trazia o Outono no Olhar

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Caminho, não corro, chegou o Outono,
Com seu robe pardo, mas nunca enfadonho.
O sol, de soslaio, por entre a ramagem,
Acena a quem ruma p'ra cálida margem.

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Traz nas suas vestes, tal como arlequim,
O que o vento trouxe, de ti para mim.
Recalco, no chão, caminhos que fiz,
Que faço e refaço: eterno aprendiz.

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Nas ruas, já sinto essa agitação
De quem acelera tal palpitação,
De sonhos, desejos que tentam conter
E que, dentro em breve, irão aprender.

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À noite, acompanho de néctar lagar,
Lareira que lavra silêncio no ar.
Crepitam, nos olhos, de Inverno pintados,
Memórias que tenho de outonos passados.

 

Hugo Sá Pinto